Novo presidente da Funai toma posse

Ontem, 2 de maio, Wallace Moreira Bastos tomou posse como presidente da Funai. A nomeação de um novo presidente sem experiência junto aos povos indígenas e à política indigenista, e indicado sob a pressão da bancada ruralista, nos deixa alertas sobre os rumos da política indigenista brasileira. Ponderamos que a história nos mostra que qualquer pessoa, ainda que sem experiência, pode se tornar um indigenista. Quando nos tornamos cientes das histórias de crueldade que avançaram sobre os povos indígenas por cinco séculos e, ao mesmo tempo, compreendemos que os modelos explicativos indígenas podem revelar admiráveis modos de pensar, sentir e viver, a mente se expande para um novo mundo de sabedorias e vivências, e tudo isto nos faz desejar e lutar para que todos os mais de 300 povos indígenas no Brasil sejam assim valorizados, respeitados e dignificados.

Desde que Temer assumiu o governo, dois presidentes da Funai deixaram o cargo por pressão dos ruralistas. Em 2017, o pastor evangélico Antônio Costa deixou a presidência com declarações públicas de que a Funai vivia uma ditadura e que teria perdido o cargo por não ceder às pressões políticas. Agora, no dia 19 de abril de 2018, Dia do Índio, o general Franklimberg Ribeiro de Freitas pediu demissão após a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) ter apresentado a Temer uma carta assinada por 40 deputados e senadores, exigindo o afastamento de Franklimberg, sob o argumento de que ele não vinha colaborando com o setor.

Junto à nomeação do novo presidente, foram exonerados todos os Coordenadores-gerais da Diretoria de Administração e Gestão, trazendo insegurança para a continuidade das políticas institucionais do órgão indigenista. Estas mudanças já afetaram diretamente a realização do curso de ambientação dos servidores recém-empossados, o qual precisou ser adiado. Tais exonerações deflagram incertezas sobre a ocupação dos cargos e futuras mudanças. Quais interesses serão valorizados: os dos indígenas ou da bancada que historicamente se posiciona contra os direitos dos povos indígenas, em especial territoriais?

A INA reitera a necessidade de que os cargos sejam ocupados por pessoas que tenham comprometimento com os preceitos constitucionais e diretrizes institucionais da Funai de promoção e proteção dos povos indígenas, de forma a se garantir a continuidade das políticas institucionais estabelecidas, promovendo a valorização, respeito e dignidade para os povos indígenas no Brasil.

Foto: Ascom/MJ

5 comentários em “Novo presidente da Funai toma posse

  1. Entendo ser de suma importancia as açoes dessa associaçao para que tenha alguem uma sociedade separada da FUNAI porem demonstrando A que veio e quais seu compromisso com o Indigena q agora com a presença de novo presidente que por fazer e ser o escolhido pela bancada Ruralista nada de muito bom se pode esperar . Iremos aguardar os proximos acontecimentos para se fazer um justo comentario e tambem esperando que o indio se manifeste para que asociedade num todo ajude o indio que esta sendo vendido pelo governo aos ruralistas sera que existe uma explicalao logica pra tal procedimento desse governo?

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  2. 1- o presidente nomeado não foi a bancada ruralista. Antes de publicar algo procure se inteirar melhor;
    2- os índios não estão se vendendo a bancada ruralista e sim procurando opção ou outra forma de sustentação, eles sabem o que é melhor para sua comunidade, o nosso papel é chegar junto e ver o que se está fazendo e orienta-los e não criticá-los;
    3- o presidente Márcio Meira fez muito pior e ninguém tomou essas posturas. Ficou todo mundo piabinha. Vcs nem brigaram pelos servidores ou índios. Acho que muitos estão com medo de perder o que ganhou. Independente de Associação. Não vi nenhum movimento ou iniciativa nesse contexto.
    4- Antes de dizer que os índios estão se vendendo procurem conversar com eles , pois eles também pode dizer que muitos servidores também se venderam com Márcio Meira. Direitos iguais

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  3. * 40 assinaturas dos 252 parlamentares da bancada ruralista é 15% da bancada. Tá certo que a galera é de humanas, mas um cálculo político raso desses só pode ser má fé;

    * “foram exonerados todos os Coordenadores-gerais da Diretoria de Administração e Gestão”, isso foi grave, mas não foi o novo presidente que fez, mas o Substituto, Rodrigo Paranhos Faleiro, queridinho da INA;

    * necessidade de que os cargos sejam ocupados por pessoas que tenham comprometimento (…) de forma a se garantir a continuidade das políticas institucionais estabelecida” …. como se estivesse tudo bem para ser dado continuidade do jeito que está…. leia-se nas entrelinhas: “que os cargos continuem sendo ocupados por nós mesmXs (zero auto crítica e muito autoritarismo);

    * “A história nos mostra que qualquer pessoa, ainda que sem experiência, pode se tornar um indigenista.”, a pérola do peleguismo que abre o texto lambendo as bolas do novo presidente, preparando pra pedir a manutenção nos cargos.

    Coragem, tem gente que tem coragem…. e nem um pingo de vergonha na cara!

    #lumpenindigenismo a gente continua vendo por aqui

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